24/06/07

Nun deixar scapar l tiempo!

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La mémoire / La mimória [Magritte, 1948]


Yá nun se me lhembra l nome que se dá a las células (células ou nourónios?), esses eilemientos eissenciales que fázen cun que ls homes (i las mulhieres tamien) téngamos mimória … Yá cheguei a saber esso todo de cor i salteado subretodo quando andube, por algun tiempo, pula ária de las Ciéncias. Estas falhas terribles que bénen de la falta de prática an ciertas árias son la pruoba que la mimória, que puode ser strourdinairamente eificaç, ye tamien mui seletiba i por cunseguinte tamien lhemitada an capacidade i ne l tiempo. Hai tamien rezones biológicas que splícan que téngamos essas falhas subretodo cun la idade que bai siempre abançando: se bien se me lhembra, zde ls trinta i até antes, l númaro de nourónios, an beç de oumentar, cumo tenie sido l caso até ende, bai depuis demenuindo i al mesmo tiempo la capacidade de mimorizar i de mos lhembrarmos de ciertas cousas (tantas cousas!) que yá acuntecírun…
You, por eisemplo, cun quarenta i poucos anhos, yá sinto essa defréncia; noto que yá nun se me lhembra, cumo se me lhembraba dantes inda hai pouco tiempo, ls quatro anhos que passei an Sendin antes de benir pa la França, hai yá quarenta anhos... Anton, se scribo neste site ye tamien para ber se cunsigo rializar essa cousa que acho amportante i eissencial: nun deixar scapar l tiempo! Esse tiempo que fuge siempre sien parar, a tal punto que a las bezes até parece que yá nun somos l que éramos ou l que fumos… Nien sei: quien era you hai poucos segundos? You?
Screbir anton… para fixar nesta fuolha algues cousas (pequeinhas cousas…) de l que somos, de l que fumos… para tentar ser inda un cachico l que éramos , l que fumos…
Suidades?
Nó! Sei que nun m’antressa solo l passado; tamien gusto de l persente. Mas falar de l passado faç bien: reambentá-lo se fur neçairo, screbí-lo de nuobo para que nun se scape, debe de ser cumo ua tentatiba de adominá-lo… Queda aqui al miu lhado…! Queda aqui mais un cachico… porque senó l que serei?
Talbeç nada…!
Talbeç nada…



4 comentários:

Carlos Luna disse...

PEÇO SOLIDARIEDADE AO MIRANDÊS!

UM LUGAR ONDE A LÍNGUA PORTUGUESA ESTÁ EM AGONIA
UM APELO EM NOME DA LÍNGUA PORTUGUESA
UM APELO EM NOME DA LÍNGUA PORTUGUESA (A PARTIR DE UM ESTUDO UNIVERSITÁRIO INDEPENDENTE, SURGE ESTE APELO !)
SALVAR O PORTUGUÊS EM OLIVENÇA
(inclui reflexões de um jovem local de 28 anos )
A História da sobrevivência da Língua Portuguesa em Olivença terá que ser feita um dia. Mais do que sobrevivência, é uma História de Resistência, dados a pressão e os condicionalismos vários, ainda muito mal estudados.
Em 1840, trinta e nove anos após a ocupação espanhola (1801), o Português foi proibido em Olivença, inclusivamente nas Igrejas. O combate contra a Língua de Camões já vinha de trás, todavia. Em 1805,as Actas da Câmara tinha começado a ser redigidas em Castelhano, o que fizera uma vítima, digamos que um mártir: Vicente Vieira Valério. Este, negando-se a escrever na Língua de Cervantes, teve de ceder o lugar a outro. E acabou por morrer à mingua de recursos, personificando um drama cujo desenvolvimento se processaria, geração após geração.
A lgumas elites forma aceitando o castelhano. O Português foi-se mantendo, teimosamente, principalmente a nível popular. Numa deliciosa toada alentejana, que logo as autoridades, vigilantes, classificaram como "chaporreo", palavra de difícil tradução (talvez "patois"; talvez "deturpação"), que criou complexos de inferioridade nos utilizadores, levando-os, cada vez mais, a usar a Língua Tradicional apenas a nível caseiro, dentro do aconchego do lar, em público, quase só por distracção, ou com amigos próximos.
O hábito e o amor-próprio levavam o oliventino a, quase constantemente, "saltar" do castelhano para o português. De tal forma que, depois de duzentos anos de pressão, ele é entendido e falado por cerca de, pelo menos 35% da população, segundo cálculos da União Europeia (Programa Mosaic).
Como sucede, contudo, neste casos, em qualquer ponto do Globo, o Português foi perdendo prestígio. Não sendo utilizado nunca em documentos oficiais, na toponímia (salvo se traduzido e deturpado), ou em qualquer outra situação que reflectisse a dignidade de um idioma, manteve-se, discretamente, por vezes envergonhadamente. A Televisão e a Rádio vieram aumentar a pressão sobre o seu uso e compreensão.
A Ditadura Franquista acentuou a castelhanização. Agora oficialmente, o Português era uma Língua de quem não tinha... educação! Uma Língua de Brutos, ou, como também se dizia, uma Língua Bárbara!
Não obstante, ela sobreviveu. Mesmo nas ruas, surgia e ressurgia, a cada passo... raramente na presença da autoridades. Mesmo algumas elites continuavam a conhecê-la, embora numa fracção minoritária.
Nas décadas de 1940, 1950, e 1960, era raríssimo, mesmo impossível em alguns casos, encontrar professores, polícias, funcionários em geral, que fossem filhos da terra oliventina, na própria Olivença. Colonizadores inconscientes, peões numa política geral de destruição das diferenças por toda a Espanha.
Se há ironias na História, esta pode ser uma delas. Alguns desses cidadãos "importados", com muito menos complexos que os naturais porque não tinham, quaisquer conflitos de identidade, ou os seus filhos, puseram-se a estudar os aspectos "curiosos", "específicos", da cultura oliventina! "Oliventinizados", por vezes até, ainda que ligeiramente, em termos linguísticos, acabaram por produzir trabalhos de valor sobre a cultura da sua Nova terra, que podem chamar para sempre, e sem contestações, de Terra Mãe, por adopção, por paixão, ou já por nascimento.
A Democracia deveria ter aberto novas perspectivas, masos fantasmas não desapareceram de todo. Alguns cursos de Português foram surgindo, com maior ou menor sucesso. Por vezes ao sabor de questões políticas, como durante a Década de 1990 por causa dos avanços e recuos no atribulado processo que levou à construção de uma nova Ponte da Ajuda o Guadiana, entre Elvas e Olivença (inaugurada em 11 de Novembro de 2001).
Em 1999/2000, continuando em 2000/2001, a Embaixada de Portugal em Madrid, e o Instituto Camões, passam a apoiar o apoiar o ensino do português no Ensino Primário em todas as Escolas de Olivença. Incluindo as Aldeias. Apenas Táliga, antiga aldeia de Olivença transformada no Século XIX em município independente, está ainda de fora deste projecto, para o qual foram destacados, primeiro três, depois quatro professores portugueses. Aproveite-se para dizer ser urgente acudir a Táliga, onde só 10% da população ainda tem algo a ver com a Língua de Camões. Urgentíssimo!
Tinha sido dado um primeiro e importante passo. Mas não se tem revelado suficiente. O Estado Português deverá tentar influenciar a tomada de outras medidas, dada até a sua posição sobre o Direito de Soberania sobre Olivença: o ensino da História (que não é feito em parte nenhuma em Olivença), por exemplo: a utilização prática da Língua, em documentos oficiais, toponímia, etc.; a continuação do Estudo do Português até níveis de ensino mais avançados; e tantas coisas mais que se poderiam referir!
Acima de tudo, é preciso dar ao Português dignidade... e utilidade. Descolonizar, pelo menos em termos psicológicos. Revalorizar o Português que sobrevive, o qual, por ser uma variante da fala lusa regional do Alentejo, é vítima de comentários pouco abonatórios. Deve-se "fazer a ponte" entre as velhas gerações e os jovens alunos. Ensinando-lhes, por exemplo, a partir de exemplos da velha poesia popular e erudita oliventina, no idioma de Camões, e que é ainda, graças a recolhas etnográficas e a alguns poetas populares vivos, suficientemente conhecida para tal. Porque, sem perceberem que estão a dar continuidade à cultura dos seus avós, os jovens oliventinos dificilmente compreenderão que aprender a língua lusa é muito diferente de aprender uma língua estrangeira (Inglês, Francês, Alemão). É preciso dizer claramente que o Português é imprescindível para que as novas gerações compreendam o que as gerações anteriores quiseram transmitir.
Exemplos de que não tem sido essa a perspectiva do Ensino do Português ora leccionado encontram-se, por exemplo, no facto de, durante algum tempo, ter-se considerado que continuar o Ensino do Português no Secundário, como sucede em Badajoz e noutros locais, poderia ser perigoso. Ridículo! Depois, tal foi levado a cabo, quase mais por insistência do Professor João Robles Ramalho, que de outra coisa. E, como o dito professor morreu, de repente, há uns meses... espera-se que tal não seja usado como desculpa para não se voltar a ensinar a língua a nível mais avançado. Haja esperança....
Mas a situação actual não é famosa. Há estudos que falam em "declínio do Português em Olivença", no seu uso coloquial. Como dizia um jovem oliventino (Junho de 2007), a este respeito, «isto é uma verdadeira tragédia; depois de pouco mais de 200 anos, o português vai desaparecer em Olivença; a alma dos povos é a lingua; a lingua é a memória, é tudo; em Olivença vam ficar sómente as pedras, as fachadas, do que foi o seu passado português; Nao há nada mais triste que conhecer que o fim vai chegar e ninguém fiz[fez] nada para evitá-lo; ninguém compreende que a morte do último luso-falante vai ser a morte da alma portuguesa, o fim de gerações falando português nas ruas, nas moradias, no campo oliventino, ao longo de mais de sete seculos?». E continua: «O artigo da senhora Fátima Matias explica perfeitamente as razoes e o contexto da agonia do português em Olivença; mas... agora ja nao há ditadura; Deveriamos ficar orgulhosos de ter esta riqueza linguística e procurar a defesa

e o ensino do português oliventino; (...) e, um pouco também, o Estado português é também responsavel; com independência de questões de índole soberanista, deveria implicar-se na promoção do português em Olivença e nao sómente não reconhecer [a soberania espanhola] e não fazer nada.»
Pode-se aplaudir o que se faz hoje, mas é imprescindível algo mais: faça-se um estudo do Português-Alentejano falado em Olivença, e ligue-se o mesmo ao Português-Padrão ensinado nas Escolas, de modo a fazer a ligação entre as gerações e produzir uma normal continuidade que deveria naturalmente ter ocorrido. Assim se corrigirá a distorção introduzida pela pressão do Castelhano. Este estudo pode ser feito por quem se mostre capaz de o fazer: portugueses, mas também alguns especialistas e linguistas extremenhos. A nenhum Estado (Portugal ou Espanha) se poderá perdoar deixar morrer uma cultura !
O Primeiro passo poderá ser um Congresso sobre o tema, que reuna a participação de especialists e autoridades das mais diferentes origens, unidos pela sua boa vontade...

Estremoz, texto actualizado em Junho de 2007
Carlos Eduardo da Cruz Luna

Ana disse...

An poucas palabras : claro que nun nos podemos nun nos sentir todos solidairos. Biba las lhénguas ! Todas las lhénguas !

adeusdado disse...

Ana
Quin nun ten anterrogçones?
Qiun nun se sconde atrás de ua mascara?
Mas quin fala de ls sous miedos, stá no sou tiempo cierto.

AF disse...

Ai, tiempo an que me criei,
Quanta senreira te tube!
Tiempo que apuis me sonhei
I assi, mei suonho, l mantube...

Quanto mais bou para bielho
Mais se me lhembra l ser nino:
L tiempo ye un castielho,
Cul tiempo apura, qual bino.

Fonso Roixo