quarta-feira, 2 de maio de 2012
in blog - Cumo Quien bai de caminho -
Amadeu Ferreira
liçon de giografie
a las bezes dá me ua gana
de campanas
que tengo de cerrar ls uolhos i
deixar que béngan cun sou
sonido fondo lhargo
a arrolhar me la nuite
a spertar me jogos de
fin de die antes las Trindades
a las bezes la gana que tengo
de campanas
trai me outro que yá fui
un tiempo an que la sola culidade
que le beio ye you ser moço
i nun querer saber
de campanas
para mesmo nada
antoce nun sei porquei esta gana
de campanas
me badalha na cabeça
se quanto me chama
ou adonde quiero ir
nada ten que ber
cun campanas
ou algo a que puodan star liadas
ye este un gusto triste l
de campanas
que me lhieba an sou bolo raso
por prainadas arribas i
por montes por ribeiras i
cabeços a puntos de l toque
de campanas
nun ser sonido yá, mas pura giografie.
…//…
lição de geografia
às vezes dá-me uma vontade
de sinos
que tenho de fechar os olhos e
deixar que venham com seu
som fundo longo
a arrolar-me a noite
a despertar-me jogos de
fim de dia antes do toque das Trindades
às vezes a vontade que tenho
de sinos
traz-me outro que já fui
um tempo em que a só qualidade
que lhe vejo é eu ser jovem
e não querer saber
de sinos
para mesmo nada
então não sei porquê esta vontade
de sinos
me ecoa na cabeça
se quanto me chama
ou onde quero ir
nada tem que ver
com sinos
ou algo a que possam estar ligadas
é este um gosto triste o
de sinos
que me leva em seu voo raso
por planaltos, ladeiras e
por montes por ribeiras e
cabeços ao ponto do toque
de sinos
não ser som já, mas pura geografia.
traduziu: ac
terça-feira, 2 de maio de 2023
02/05/23
liçon de giografie / Lição de geografia
12/12/22
20/10/22
Modos de nun mirar al para trás
modos de nun mirar al para trás
maneiras de não olhar para trás
23/07/22
Mai de Lhéngua / Mãe de Língua
Hoje a meia tarde recebi um telefonema de um amigo, Orlando Teixeira, a dizer-me que a "mai de lhéngua", doutora Manuela Barros Ferreira, nos tinha deixado. Ontem, eu e o Orlando, na Assembleia da Republica, num encontro com uma deputada, o seu nome referenciamos.
Tive o privilégio de diversas vezes estar na sua companhia e também na companhia de Amadeu Ferreira, pois foi através deste que a conheci. Li a sua biografia...uma história de vida exemplar... Amadeu, agora vais ter companhia para 'discutirem' e acertarem o modo de nos continuarem a 'spicaçar' para não esquecer o grande legado que nos deixaram...
Até um dia e 'Eiterno Çcanso'.
22/07/22
quando l bolo te prendir ls uolhos / quando o voo te prender os olhos
Júlio 22, 2010
in blog – fuontes de l aire
fracisco niebro / Amadeu Ferreira
quando l bolo te prendir ls uolhos
nun te antregues al fraco cunsolo de zistir, mais bal que deias la buolta por outro camino sien perderes de bista l çtino que te chama, se fur perciso deixa passar l eimbierno cun sous frius, mas nun te afagas als scanhos i sou assossego: bien sabes que la muorte ben cul silenço, solene cumo son todas las perciones de antierro, i l que te sobrabará seran termientas que todo te lhebaran na mundiada que naide ha de ber i de que naide quier saber, un termienta feita mesmo al modo para ti; quando chubies las arribas al cumpasso agre i seco de las checharras, traien-te ls niebros l bolo cúrtio i raso de las tordelas, mal te dando de cuonta de l mar de tomielhos a arrebentar sues óndias roixas acontra las peinhas, i nunca falhabas ls marcos de l carreiron adonde çcansabas i mirabas la sien fin de ls cabeços ampossibles, que zistir nunca era palabra que relhuzira nessa huorta i querdar-se ye palabra que an mirandés tamien quier dezir morré-se i zistir, mas nunca te passou pula cabeça l quedares-te por alhá a nun ser para an cada mirada çfolhares l lhibro de la bida que se assoma, cumo tal a las rosas de las garrocheiras, se fur tiempo de rosas, i a las pingas de ourbalho que pónen brincos de cristal ne l pendon de las yerbas; quando l bolo te prendir ls uolhos, deixa-los seguir sou camino que nunca fuorças te faltaran para chubir al cabeço adonde bótan frol las almendreiras yá an janeiro, alhenas al friu, abiertas al passageiro sol; agora ye outra beç de nuite, dou-te un lhargo suonho, mas naturalmente spera las manhana anquanto fraugas la chabe para nuobos caminos.
…//…
quando o voo te prender os olhos
não te entregues ao frágil alívio de desistir, mais vale que deis a volta por outro caminho sem perderes de vista o destino que te chama, se for preciso deixa passar o inverno com os seus frios, mas não te habitues aos escanos e seu aconchego: bem sabes que a morte vem com o silêncio, solene como são todas as procissões de enterro, e o que te sobrará serão tormentas que tudo te levarão na torrente que ninguém irá ver e de que ninguém quer saber, uma tormenta feita mesmo de maneira para ti; quando subias as ladeiras ao compasso amargo e seco das cigarras, traziam-te os zimbros o voo breve e raso das tordelas, quase não te apercebendo do mar de rosmaninho a rebentar suas ondas de roxo junto ao fragaredo, e nunca falhavas os marcos do carreiro onde descansavas e olhavas a infinidade dos cabeços impossíveis, que desistir nunca era palavra que brilhasse nessa horta e “quedar-se”/ficar-se é palavra que em mirandês também quer dizer morrer e desistir, mas nunca te passou pela cabeça o morreres por lá a não ser para em cada olhar desfolhares o livro da vida que se mostra, como por exemplo as rosas das roseiras do monte, se for tempo de rosas, e as gotas de orvalho que põem brincos de cristal no pêndulo das ervas; quando o voo te prender os olhos, deixa-os seguir o seu caminho que nunca força te faltará para subir o cabeço onde o florir das amendoeiras se mostra já em janeiro, indiferentes ao frio, abertas ao passageiro sol; agora é outra vez noite, chegou-te um longo sono, mas naturalmente esperam as manhas enquanto forjas a chave para novos caminhos.
Julho 22, 2022
traduziu: ac
obs.: Amadeu, há sempre o sentimento de não conseguir traduzir todo o sentir do original…mas é um enorme prazer prender os olhos nos teus textos e saborear o aroma das palavras
22/06/22
bózio/grito - l mundo nun passaba dua rábia/o mundo não passava duma fúria
Júnio 22, 2011
in blog – fuontes de l aire
fracisco niebro / Amadeu Ferreira
quedou un bózio sien boca
ou cuorpo an que se colgue:
naide le poderá calhar la fuonte.,
nunca.
….//…
grito
ficou um grito sem boca
ou corpo em que se dependure:
ninguém lhe poderá calar a fonte,
nunca.
traduziu: ac
junho 22, 2022
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Júnio 22, 2011
in blog – fuontes de l aire
fracisco niebro / Amadeu Ferreira
era l tiempo an que screbie na
piedra
para apagar adepuis, quando
las palabras solo an sonido
bolában, dius drumie la séstia
nas tardes de berano i l mundo
nun passaba dua rábia para
un die atamar.
…..//…..
o mundo não passava duma fúria
era o tempo em que escrevia na pedra
para apagar depois, quando
as palavras só em ruído
voavam, deus dormia a sesta
nas tardes de verão e o mundo
não passava duma fúria para
um dia serenar.
traduziu: ac
junho 22, 2022